Hoje quero falar da exploração que existe, não raro, nos momentos de dor extremada daqueles que acabam de perder um ente querido. Tudo começa no próprio hospital em que se deu o óbito.
A pessoa acabou de morrer, o parente precisa naquele momento tomar algumas providências internas para a liberação do corpo, e acreditem, instantaneamente aparece alguém para oferecer serviços funerários. Ora, como ficou sabendo tão rapidamente?
A pessoa atordoada, sem saber como proceder, muitas vezes cede ao apelo daquele que aparece ali como “um anjo caído do céu”, exatamente naquele momento!
Vai até a funerária, contrata o serviço, escolhe a urna e se dirige ao cemitério onde muitas vezes já tem um jazigo de família anteriormente comprado. Em ato contínuo segue para o Cartório de Registro Civil para fazer a certidão de óbito, avisa os parentes, amigos e, após tomadas essas providências aguarda o início do velório bem como o sepultamento.
É momento de dor, separação as vezes esperada, outras não, mas é momento de dor! A cabeça não funciona bem, os sentimentos exacerbados alteram a razão. É nesse momento que os aproveitadores surgem.
Tudo começa com aquele “anjo caído do céu” que ofereceu seus préstimos ainda lá no hospital. Fez o encaminhamento para a sede da funerária, apresentou uma série de serviços, falou de preços que não dá para saber se são caros ou não.
A cabeça ainda zonza, sentimentos diferentes, tudo tão confuso e assim o contrato de prestação de serviço funerário é fechado, urna escolhida.
O velório já acontecendo e vem a surpresa, aparece alguém do cemitério para dizer que aquela urna é maior do que o espaço do jazigo já comprado e que para resolver a situação você terá que pagar um valor a mais, quase sempre em torno de 30% (trinta por cento) do valor do jazigo. Essa informação chega quando o velório já está acontecendo. Imaginem a situação, alguém medindo a urna!
Soubemos de um caso ocorrido a cerca de 30 dias, em Belo Horizonte, onde o falecido media 1,80m, a urna em que o colocaram media 2,35m e o jazigo 2,15m x 0,90cm. E foi por conta desses 20cm desnecessários, que tiveram que pagar R$3.500,00 a mais.
No caso em tela, absurdamente o funcionário do cemitério sequer deixou o parente participar ato religioso que era celebrado, para que assinasse os papéis autorizando o débito, bem como a troca de jazigo.
Conheci outro caso com o mesmo “modus operandi” faz uns 02 anos, que somente não se concretizou porque o familiar do morto exigiu da funerária a troca da urna, que também tinha sido colocada com tamanho maior. Dessa vez não colou!
É preciso ficar esperto, não deixe para olhar essas coisas na última hora, ou então, se assim preferir, leve consigo alguém que não esteja tão abalado emocionalmente, para ajudá-lo a tomar as providências necessárias e resolver essas questões. Dessa forma diminuem as chances de se tornar vítima desses espertalhões.
Alguns cuidados são necessários:
- Confirme todos os dados do contrato de aquisição do jazigo;
- Na funerária exija a conferência do tamanho da urna em consonância com o corpo que vai ocupá-la;
- Não contrate os serviços do primeiro que se apresenta, tente cotar e ver os melhores valores;
- Não assine nenhum documento se não se sentir seguro para isso, esteja sempre com alguém que o ajude a pensar, decidir e também testemunhar;
- Se sentir lesado, imediatamente ao ocorrido, tente resolver de forma administrativa, porém por escrito através de e-mail ou notificação. A comunicação deve ser dirigida tanto para o Cemitério, como para a Funerária. Se não quiserem resolver, procure o Procon e a Justiça onde poderá requerer tanto o dano material quanto o moral.
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